domingo, 4 de janeiro de 2009

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E ainda a avaliação ... princípios básicos

Os professores, do primário (primeiro ciclo) ao universitário, são na sua grande maioria funcionários públicos. Como tal, devem primeiramente prestar contas e ser avaliados por quem lhes paga o ordenado, ou seja todos aqueles que pagam impostos. Tudo o que profissionalmente fazem deve ser transparente e público. Este é um princípio básico que temos tendência a esquecer (falta de hábito?), e que os políticos simplesmente ignoram (vá-se lá saber porquê).

Se há poucos anos atrás isto era tarefa complicada, hoje é muito fácil; temos a Internet a que praticamente todos nós temos acesso. Portanto, todos os professores deviam ser obrigados a ter o seu curriculum vitae na Internet, em formato normalizado (para evitar informação falseada pela forma de apresentação).

Quando somos obrigados a escrever sobre o que profissionalmente fazemos e produzimos, tomamos consciência das nossas virtudes e das nossas fraquezas. Quando nos expomos publicamente, tomamos consciência de que a reflexão crítica sobre a nossa actuação individual deve ser constante e deve levar-nos a melhorar o nosso desempenho. A comparação do nosso curriculum com o dos nossos parceiros (os melhores) deve levar-nos a uma competição saudável; deve motivar-nos para um estudo permanente, e um maior empenhamento no melhoramento das nossas capacidades e competências.

Os melhores devem ser um exemplo a seguir. Aos menos bons deve ser dada oportunidade para corrigir os desvios. A ambos o estado deve dar oportunidade para melhorarem o seu desempenho. Este não tem sido o entendimento dos nossos governantes. Por exemplo, um professor de ensino não universitário que deseje frequentar um curso de Mestrado não tem redução da sua carga horária e é obrigado a pagar propinas ... um funcionário do estado a pagar um serviço do estado que devia ser gratuito para ele! Afinal, trata-se de melhorar as competências e desempenho do funcionário público. Em suma, o estado quer ter bons colaboradores mas nem se esforça para os promover no seu desempenho ...

Quando o professor tem um bom curriculum, ficamos todos a saber quais os seus objectivos e temos a certeza de que ele conhece a sua missão como professor. É claro que isto deve ser complementado por avaliação de desempenho na sala de aula. O resto da papelada inventada pelo ministério não passa de treta burocrática que desvia o professor dos seus objectivos e da sua missão. E também desvia a nossa atenção dos reais problemas da Educação e do Ensino que os governantes teimam em ignorar.

Fernando Ornelas Marques
http://www.igidl.ul.pt/marques.htm
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Grande agitação, mas com um objectivo bem claro ... a sobrevivência, individual e da espécie. Mergulhar os Professores numa agitação imensa de papéis, para quê? Até um animal, dito irracional, tem objectivos mais claros.

(Os pardais do meu jardim, foto de F. Ornelas)
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