Santa ingenuidade!
Como é que é possível continuar-se a discutir o pagamento de um único subsídio em duodécimos?! Como é que é possível ainda não se ter percebido que isto é uma forma ardilosa de dar a machadada final nos 13º e 14º meses?! Um dos subsídios já ardeu (não importa qual, se o de férias ou o de Natal!), e o outro (também não importa qual) é dividido por 12, para que, daqui a uns (poucos) anos (a memória dos homens é curta!) já esteja toda a gente adormecida, e esquecida de que recebiam 14 vencimentos por ano, em vez dos 12 que passam a receber a partir de hoje ...
E pronto, passámos aos 12 meses de vencimento, que é a prática nos países ricos da Europa. O problema é que nesses países ricos se premeia, de outra forma, o desempenho excelente, e em Portugal nivela-se por baixo. A desilusão é que não se vê o governo empenhado em mudar esta situação, i.e. em pôr em prática regras de reconhecimento do desempenho excelente.
Não deve também estar longe o dia em que se passará a praticar, como é muito comum nos EUA, o pagamento de apenas 11 salários por ano, pois no mês de férias não se produz. Mas nos EUA também o desempenho excelente é soberbamente premiado, o que nunca acontecerá em Portugal com um governo como o presente. Continuamos a importar dos países ricos e evoluídos só o que nos convém, ignorando as boas práticas que os levaram a ser o que são hoje. O argumento é sempre o mesmo, e é arrogante, ofensivo e irresponsável: “Eles fazem o que fazem por que são ricos”, quando se devia reconhecer, humilde e responsavelmente, que “Eles são ricos por que fazem o que fazem”.