sábado, 6 de dezembro de 2008

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Ainda a avaliação
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O triunfo dos porcos ... ou não


Como já não se via há muito, uma classe organizou-se para lutar pelos seus deveres e direitos, por uma causa justa. Este acto, por si só meritório (afinal ainda há Portugueses com a espinha dorsal vertical e rígida), não tem sequer merecido uma reflexão séria por parte dos governantes. Antes pelo contrário, tem sido tomado como uma rebelião. Como se não bastasse, a classe dos Professores conta agora com um inimigo da sua própria espécie. Alguns animais são mais animais que outros, como na alegoria de George Orwell.
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Tal como no Triunfo dos Porcos, as leis (mal interpretadas pelos outros animais, claro!) são alteradas por conveniência em despachos domingueiros. O que, convenhamos, é uma diferença substancial para as alterações nocturnas na alegoria de Orwell! Os Professores tentam opor-se a leis feitas à pressa (e a alterações dominicais das mesmas), organizam-se e manifestam-se pedindo a suspensão da avaliação e do actual estatuto da carreira docente. A Governante reage, qual Napoleão que descobre um complot contra si próprio, e ameaça executar alguns Presidentes de Conselhos Executivos (PCEs rebeldes, que ela até já sabe quem são) que se atreveram a suspender a avaliação nas suas Escolas (mesmo que uma seja a melhor do País!).
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Negociar (leia-se ameaçar com o SIADAP) com uma elite de PCEs sabendo o que pensa a grande maioria da classe, mostra bem a categoria dos nossos governantes e o calibre das suas (más) intenções. A táctica vem de outros tempos: dividir para reinar. A Governante napoleónica e os seus dois Squealers ameaçam os PCEs (para os transformar em Boxers), que de seguida vão ameaçar os Titulares (... mais Boxers nomeados por lotaria), que, com o único fim de se safarem na sua própria avaliação, vão por sua vez infernizar a vida aos colegas (despudoradamente tomados por carneiros pelos governantes). Isto mostra também quão curva e mole é a espinha dos PCEs que tão facilmente cederam ao autoritarismo e arrogância dos governantes. Toldados pelo medo, os PCEs esqueceram-se da vontade da grande maioria dos Professores que representam, e deixaram-se manipular por aqueles que detêm (no pior sentido) momentaneamente o poder social e político. Este governo exibe comportamentos inaceitáveis numa democracia que se pretende moderna, civilizada e (imagine-se) socialista (tal como na metáfora de Orwell).
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Nem Orwell podia imaginar que uma espécie se predasse a si própria. Embora reconhecesse a estupidez humana, talvez tenha partido do princípio de que na essência era uma espécie inteligente e racional. Mas muitas são as evidências de que uma parte não é. Professores, mostrem que nem todos têm que ser Boxers, ou vergar-se aos Napoleões, e que ainda existe uma classe digna, honrada e com sentido de justiça que vai lutar até ao fim, pela razão e com inteligência. Mostrem que a metáfora de Orwell pode ter um fim mais optimista e mais digno – o Triunfo Sobre os Porcos.
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“Only two things are infinite, the universe and human stupidity, and I'm not sure about the former”, Albert Einstein
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O Triunfo dos Porcos (Animal Farm: A Fairy Story, no original), escrito por George Orwell e editado em 1945, é uma sátira aos governos arrogantes e autoritários (Stalinismo) e à estupidez humana. Para quem não sabe, ou não se lembra, a elite governante é representada por porcos napoleónicos, secundados por Squealers e guardados por cães de fila, e ...
(resumo em
http://www.harrymaugans.com/2006/04/19/animal-farm/ ou versão integral em Inglês em http://www.msxnet.org/orwell/print/animal_farm.pdf)

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